quinta-feira, 8 de setembro de 2022

Entidade repudia exposição de crianças vestidas de escravas no desfile de 07 de setembro em Imperatriz e Semed responde

O Centro de Cultura Negra – Negro Cosme de Imperatriz emitiu uma nota de repúdio contra a apresentação de uma escola municipal no desfile do 7 de setembro, realizado nessa quarta-feira (07), na Avenida Getúlio Vargas, em Imperatriz. Na apresentação, que fazia referência ao período colonial brasileiro, crianças negras estavam vestidas de “escravas”, uma delas chegava a segurar um guarda-sol para outras duas crianças com coroas na cabeça, caracterizadas com roupas da realeza. A situação causou desconforto em algumas pessoas que assistiram o desfile.

 Na nota de repúdio a entidade afirma que a cena foi inaceitável, “Uma cena desproposital, inaceitável e contraproducente para os dias atuais, em que lutamos diariamente para desconstruir a mentalidade racista que, infelizmente, ainda assola nossa sociedade.

 “NOTA DE REPÚDIO – O Centro de Cultura Negra – Negro Cosme de Imperatriz vem a público repudiar com veemência, as referências racistas levadas ao desfile da Independência em Imperatriz – MA, neste dia 07 de setembro, pela Escola Municipal Maria Francisca Pereira da Silva, em um bloco de estudantes que fazia referência ao período colonial brasileiro.

 Ficamos estarrecidos ao vermos crianças negras com trajes de escravizadas, e outras desfilando como damas de companhia de crianças brancas trajadas de integrantes da família real brasileira. Uma cena desproposital, inaceitável e contraproducente para os dias atuais, em que lutamos diariamente para descontruir a mentalidade racista que, infelizmente, ainda assola nossa sociedade.

 Colocar crianças negras para desfilar como se fossem escravizadas, é transmitir a mensagem de que, mesmo após tantos anos de lutas contra o racismo que se mantém na estrutura de nossa sociedade, o lugar da pessoa negra neste país, ainda é o da subalternidade, da inferioridade e do menosprezo. E não podemos aceitar, sob nenhuma circunstância, que isso aconteça, menos ainda, vindo de uma escola, que tem por razão de ser, trabalhar por uma sociedade em que a igualdade em direito é o objetivo primário.

 Ressaltamos a incompatibilidade do tema do desfile (200 anos de independência do Brasil), com as práticas racistas por parte, inclusive, da escola, que tem a função de escolarizar as gerações. O fato em questão não decorre da falta de formação e informação sobre o tema. Há mais de 20 anos, o movimento negro de Imperatriz vem realizando atividades de conscientização acerca da temática negra, principalmente, dentro das escolas em Imperatriz.

 Ainda, desde de 2003 existe a obrigatoriedade do ensino de “história e cultura afro-brasileira” nos ensinos fundamental e médio. Logo, não há justificativa para o ocorrido. Foi uma violência sem parâmetro e um crime dos mais cruéis.

 Nos solidarizamos com as crianças e seus familiares, e solicitamos que a gestão e coordenação da Escola realize um trabalho imediato e enérgico de desconstrução dessa mentalidade racista, tanto com estudantes como também com professores/as.”

 Por nota a Secretaria Municipal de Educação de Imperatriz, disse que a apresentação causou uma discussão a respeito do período escravagista brasileiro e que o objetivo foi retratar o passado do país para “refletir o hoje” para que o mesmo não ocorra mais. Por fim, a nota afirma que a escola em nenhum momento quis apresentar algo que contribuísse para alavancar o preconceito a nenhum tipo de pessoa ou situação.

 “NOTA DE ESCLARECIMENTO

 Em 2022, o tema do desfile das escolas municipais são os “200 anos de Independência do Brasil”, respeitando as leis 10.639/2003 e 11.645/2008, que vêm sendo trabalhadas nas escolas. Ressaltamos que pensando nos direitos humanos, lamentamos o período escravagista brasileiro.

 Com a encenação histórica do período regencial do Brasil, apresentado pela Escola Municipal Maria Francisca Pereira da Silva, a instituição provocou uma discussão a respeito do tema.

 O objetivo foi retratar o passado do nosso Brasil para refletir o HOJE, no sentido de que, o que foi retratado na encenação não aconteça NUNCA mais.

 Em nenhum momento a Escola quis apresentar algo que contribuísse para alavancar o preconceito a nenhum tipo de pessoa ou situação.

 A Escola e toda comunidade escolar apresentou na avenida um desfile cívico pautado no respeito e no esforço coletivo.

 EQUIPE GESTORA

 A Secretaria de Educação (Semed) reforça que apoia a manifestação da unidade escolar e que compreende que está contribuindo para formação HUMANA e CIDADÃ e que apresentou um desfile digno, com marco histórico e cheio de fomento ao pensamento crítico.

 Destacamos ainda que, o pelotão que vem sendo questionado, foi fiel a proposta pedagógica e a história, bem como a intenção é provocar uma análise social, para que a pessoa humana jamais seja vista como outrora, mas sim valorizada e respeitada.”Fonte. imperatriz.online 

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